Este é um poema que tenta traduzir as conversas de uma familia normal, quando estão juntos.
Morreu a tia Quinhas
Mas tu viste aquele golo?
O gajo deve ser mariquinhas.
Dizem que houve dolo.
A massa está fria
Mas que raio de morte
Aqueles barcos que andam na ria
O gajo veio do norte
Põem a televisão mais alta
Hoje joguei futebol de salão
A minha mãe teve alta
Ao lanche bebi um galão
Que gaja boa ali vai
Eu quero rebuçados
Põem isso direito se não cai
Porra, tenho os cordoes desapertados
O meu chefe anda maluco
Tá calado de uma vez
Aprendi a escrever cuco
Que grande merda ele fez
Dói-me a barriga
Não tens nada que se coma
O João fez-me uma cantiga
Tem um acidente, está em coma
Olha, olha para aquilo
Já tou farto de te ouvir
Sabias que há um delta no Nilo
E o gajo começou a fugir
A gaja é tão boa
Eu não gosto de ervilhas
Eu disse joaninha voa voa
Eu prefiro o país das maravilhas
Tou a falar pró boneco?
Espera, deixa-me ouvir
Apareceu-me em mabeco
Foda-se, o velho começou a tossir
Que coisas o meu patrão tem
Preciso de comprar roupa
Eu na moto a cem
Olha que ela não poupa
Tenho uma coisa a dizer
Já sei, já sei
Olha estas calças para coser
Admito, eu sou gay.
Tu és o quê?
Eu sou gay
És gay porquê?
Aconteceu, não sei.
Filho meu paneleiro
És a desgraça da família
Eu um másculo torneiro
Que tenho um filho que é panila
Pára de chorar
A culpa é tu, mulher
Com a mania de o mimar
Agora abafar a palhinha ele quer.
Mas agora a sério
Eu não sou gay
Precisava era da vossa atenção
Para vos dizer que casei….