Hoje senti-me mal
Hoje senti-me sujo
O que sou eu afinal
De que realidade eu fujo
Ninguém me conhece
Nem sabem quem sou
Toda a gente me esquece
E ninguém sabe onde estou
Desculpem, é mentira
Todos sabem onde me encontrar
Era uma tirania
Se o inverso eu fosse pensar
Toda a gente me procura
Nas alturas de solidão
Quando a dor é nua e crua
Quando precisam de uma opinião
No meu ombro já derramaram
Lágrimas de amor
Ás minhas vestes já limparam
Corações feridos de dor
Fui confidente de lamúrias
De desentendimentos e abandonos
De pecados e injurias
Eu fui a força de muitos cornos
Mas gostava de ser procurado
Um único dia qualquer
Para me ser perguntado
Se eu estava bem, ou qual o meu querer
Mas hoje sinto-me pior
Porque me ofereci
Para ser o condutor
E um não eu recebi
Ofereci-me para transportar
Alguém a algum lugar
Mas teve o dom de me descartar
E a ajuda de outro aceitar
Eu que pensei que era querido
Por quem me descartou
E agora estou ferido
E o sangue de brotar ainda não parou
Sou só reconhecido
Quando precisam de ajuda
Sou só um ser vivo
Quando me pedem ajuda
Porque eu vivo na sombra
Vivo na escuridão
Sou um ser, uma cobra
Que vive na solidão
Procurado unicamente
Para a pele me tirar
E o final, sempre deprimente
Nunca contem a palavra amar
Opiniões, consolo
Até mesmo sexo
Eu só posso ser um tolo
Para viver esta vida sem nexo
Não sou bom ouvinte
Nem sequer bom amante
Não sou de dar opiniões
Sou um simples ser errante
Porque é que só me procuram
Quando precisam de ajuda?
Sou tão mau assim?
Isto me deixa “una duda”
Sou um ser descartável
Usado e deitado fora
Sou um ser miserável
Que só sirvo para o prazer na hora
Sou um ser descartável
Que ninguém quer amar
Pois todos me acham fiável
Mas somente para me usar.