Estou farto
Estou triste
Toda a gente me olha
Com a espada em riste
Porque me julgam culpado
Por tudo, mesmo o que não fiz
Eu não passo de um pobre coitado
De um pobre infeliz
Todas as culpas sem dono
A mim são atribuídas
Sou um rei Mono
E só queira ser um rei Midas
Sou a África em pessoa
Com as costas quentes
Com terra boa
Mas governantes dementes
O meu corpo é fértil
Para as culpas que me querem dar
Mas o meu cérebro estéril
Para as refutar
Estou cansado de dizer
A toda a gente e mais alguém
Que se vão foder
Que com as culpas eu aguento bem.
Hoje tenho a certeza
Hoje sei que vou ganhar
Hoje sinto leveza
Hoje vou batalhar
Quero sair
Gritar a todo o mundo
Que não vou voltar a cair
Que comecei a sair do fundo
Hoje vou começar,
Pelas paredes do poço,
Começar a escalar,
Começar o meu esforço
Já vi o sol longe
Já vivi na escuridão
Agora vou voltar a subir
Vou abandonar a solidão
Sei que me vai custar
Que os dedos vão sangrar
Sei que a força vai faltar
Mas seu que eu vou lutar
Se voltar a cair
Para as profundezas deste poço
Vou voltar a tentar sair
Vou voltar a novo esforço
Porque o caminho é difícil
Com muitas armadilhas pelo meio
Mas seu que vou conseguir
Pois de vontade eu estou cheio
Vai haver mãos a puxar
E outras a empurrar
Vai haver ajudar para me levantar
E ajuda maior para me afundar
Mas eu sei que vou conseguir
Eu sou bem forte
Vou tentar sair e subir
Só serei parado pela morte.
Procurei a felicidade
No fundo do coração
Mas tenho dizer a verdade
Só lá encontrei o perdão.
Achei muito estranho
A felicidade não estar
O desgosto foi tamanho,
Do tamanho do mar.
Pensei que não seria
Nunca mais uma pessoa feliz,
Pensei que não sorriria
Como quando era petiz.
A felicidade não morava
Mais dentro do meu coração
A felicidade lá não morava
Só lá morava o perdão.
Fiquei muito triste
Depois da procura
E logo em riste
Surgiu a tristeza mais pura.
Tentei-lhe escapar
Para não ser apanhado
Mas mesmo à beirinha do azar
Lá fui eu caçado.
Fiquei refém da tristeza
Das lágrimas e da avareza,
Não lhes escapava de certeza
Se não tropeça-se na beleza.
Escondida a um canto
Estava a beleza mais bela
Mesmo escondida sobre um manto
Que não me deixava vê-la.
Quando a destapei
O meu olhar iluminado
Logo reparei
O que estava a meu lado.
Ao meu lado estava a força
A encabeçar um batalhão
De alegres sentimentos
Que habitam o meu coração.
Alegria, força, preserveransa,
Amizade, amor e bondade,
Fizeram renascer novamente
A noção de liberdade.
Foi então que decidi
Ao batalhão dos novos sentimentos me aliar
E só sei que combati
Incessantemente até os maus sentimentos expulsar.
Hoje podia dizer
Que sou livre novamente
Mas continuo a temer
Ser refém de repente.
Porque ao virar de cada esquina
A inveja, o ódio e o azar
Continuam a sua sina
De me tentar apanhar.
É a minha luta diária
Para bem da minha liberdade
Esta luta diário
Que travo ao lado da amizade.
. CULPADO