Longe vão os tempos
Em que jogava na calçada
Em que o campo de futebol
Era no meio da estrada
Os tempos em que escrevia
Bilhetes ás raparigas
Em que sentia força para tudo
Para esmagar gigantes e formigas
Os tempos da inocência
Longe eles vão
Esses tempos de irreverência
Esses tempos de paixão
Os tempos de amores eternos
Que duravam uma hora
E dos quais nos recompúnhamos
Numa recuperação sem demora
Os tempos em que amigos
Eram todos os que conhecíamos
E por eles nós lutávamos
E por eles nós vencíamos
Longe vão os tempos
Em que a maior preocupação
Era marcar um golo
Ou ver desenhos animados de acção
Os tempos em que inimigos
Eram uns seres monstruosos
Mas que se tornavam amigos
E passavam a ser amorosos
Tempos em que todos querem
Ser bombeiros ou herói
Onde a ferida no coração
Não sangrava, nem era um dói-dói
Esse tempo de inocência
Que teimamos em deixar
Era o tempo que eu gostava
E gostava de para ele voltar
Dinheiro nada valia
Bastava um papel com um cifrão
Para sermos os mais ricos
Da vila, da cidade ou da nação
Mas porque temos que crescer
E deixar a inocência
E o fazemos a correr
Sem uma única advertência
Ninguém nos advertiu
Quando queríamos crescer
Que o tempo infantil
Era o melhor que iríamos ter.
Perdida, sozinha
Neste mundo sem regra
Onde o SOL já não brilha
Onde até o SOL me nega
Sei que ele brilha
No dia de alguém
E que feliz me sentia
Se brilhasse no meu também
Porque teimas em te esconder
E o brilho do meu olhar levar
Porque me negas o teu ser
Porque te deixas tapar
Porque me abandonas
E destróis a alegria na minha alma
Porque é que quando voltas
Unicamente me pedes para ter calma
Porque me deixas deprimida
Quando me mostras a solidão
Porque me deixas dorida
E não mostras compaixão
Porque teimas em não brilhar
E te deixas esconder
Pelas nuvens, que a pairar,
Me impedem de te ver
Ninguém se iguala a ti
Ninguém me dá tanto calor
Já faz muito tempo que te vi
Porque te escondes, SOL, meu amor…
. SOL