Por muitas mulheres sofri
Por elas eu corri
A todas desejei
A todas me entreguei
Foram donas, foram senhoras
Deste corpo que possui
Foram todas criadoras
Dos sentimentos que neste copo diluiu
Com os seus corpos brinquei
Nas suas curvas me perdi
Não foi a todas que amei
Mas a todas não resisti
Tive mulheres altas e baixas
Loiras, ruivas e morenas
Tive pretas, brancas, asiáticas
Tive até mulheres romenas
A nenhuma, eu, paguei
Só brincaram com o meu corpo
Por algumas me apaixonei
E nessa altura é que tudo deu para o torto
O que adiantou eu as amar
O que adiantou termos prazer
O meu coração tiveram o dom de despedaçar
Quando uma só eu desejei ter
Essas curvas encantadoras
Onde várias noites me perdi
São curvas de Senhoras
Por elas algo eu senti
Hoje, sozinho e amargurado
Vivo afogado neste copo
Sou um ser amargurado
Já não sou aquele ser maroto
As curvas que hoje procuro
São as curvas da viola
Não as curvas das mulheres
Já não me rejo por essa bitola
Não me importa de onde vens
Se moras perto ou longe de mim
Não me importa a cor da tua pele
Não te vejo diferente de mim
Não sei, nem quero saber
Se a tua religião é a minha
Se sempre comeste caviar
Ou se te criaram a água e farinha
Quero sentir o teu abraço
Quero sentir o teu amor
Quero enrolar-te num abraço
Quero que esqueçamos a dor
De que nos adianta lutar
De que adianta andar em guerra
No final habitamos o mesmo lugar
Todos nós somos donos da Terra
De que nos serve negar
O abraço a alguém
Todos nós temos amor para dar
E num abraço, até esse amor vem
Vamos abraçar alguém
Vamos abraçar com amor
Quero sentir o teu abraço
Quero sentir um abraço em meu redor.
As palavras que proferiste
Foram duras e aguçadas
Foi com elas que me feriste
Logo após serem arremessadas
As palavras não voltam mais
Depois de as dizeres
Ficam marcadas nos anais
Descrevem ódios e prazeres
As que ontem proferiste
Denotavam mágoa e amargura
Tu estavas de espada em riste
Tu eras uma guerreira dura
Não tinhas razão
Para me magoares daquela maneira
De ferires o meu coração
De o deixares com farpas de madeira
Eu sei que tu erraste
E tu hoje sabes também
Aquilo foi um desastre
Foi algo que não te ficou bem
O teu orgulho não permite
Que me voltes a falar
Nem movido com dinamite
Esse orgulho eu iria derrubar
Tenho pena que assim seja
Que te deixes influenciar
Por alguém que te inveja
E que finge te querer ajudar
Sabes onde estou
A lamber as feridas
De lá sair não vou
Não desperdices mais oportunidades das nossas vidas….
Hoje é um dia especial
Dia dos namorados
Eu tento torna-lo banal
Mas para mim é o dia dos falhados
Hoje devia ter
Alguém para mimar
Alguém para poder
Dizer que loucamente a estou a amar
Mas hoje, como sempre
Solitário e amargurado estou
Ninguém quer um ser tão deprimente
Um ser que a solidão criou
Vou ficar aqui fechado
No meu mundo encantado
Neste quarto alugado
Neste canto resguardado
Vou ouvir e imaginar
Como se estão a divertir
Os casais de encantar
Que somente sabem sorrir
Agora que o dia chegou
A solidão me atormenta mais
Eu não sei para onde vou
Os meus dias parecem funerais
Não tenho a alegria
De a meu lado ter uma mulher
Uma dama, uma rapariga
Que eu sonho um dia vir a ter
Para mim é o dia dos falhados
Tristes, abandonados
Sós, desajeitados
Feios, amargurados
Eu sou o maior de todos eles
Sou feio e reles
Sou um ser animal
Se calhar um ser banal
Mas o dia hoje vai terminar
E eu sozinho vou estar
Assim vou continuar
Á espera de alguém para amar…
Voltei a ter medo
Voltei a ter frio
Voltei a levantar-me cedo
Voltei a dormir na margem do rio
A ânsia de me libertar
Das dores que tenho na alma
Fazem-me voltar a tombar
Fazem-me perder a calma
O desejo de me limpar
Das manchas que carrego comigo
Fazem-me fraquejar
E voltar a ser mendigo
A vergonha que sinto
Quando na rua vou a passar
Olha que não minto
Quando digo que me desejo matar
Os dedos que me apontam
Os nomes que me chamam
Com a realidade me confrontam
Mas lentamente me matam
Tenho problemas reais
Tenho vergonha de os ter
Não são problemas banais
São problemas em viver
Como o carro usa gasolina
Eu uso vinho carrascão
Há quem use adrenalina
Mas já não me acelera o coração
Já não penso
Já não durmo
Eu dispenso
Quase tudo o que consumo
Mas o vinho que bebo
Para fugir deste lugar
É o meu mais real enredo
Para me conseguir matar
Porque sei que lentamente
Eu irei morrendo
Desta forma deprimente
Vou do mundo correndo
Hoje tornei a acordar
Debaixo da ponte
E mais uma vez me tentei lavar
Na água gélida da fonte
Já não sei o que é comer
Ou o que é viver
Porque só sei beber
E sinto que estou a morrer
Este desejo em mim
De consumir sem parar
Vai ditar o meu fim
Mas agora já não há volta a dar
Espero que ninguém
Sofra o que eu sofri
Sentir o dedo de alguém
Dizendo “olha aquele ali”
Estou farto
Estou triste
Toda a gente me olha
Com a espada em riste
Porque me julgam culpado
Por tudo, mesmo o que não fiz
Eu não passo de um pobre coitado
De um pobre infeliz
Todas as culpas sem dono
A mim são atribuídas
Sou um rei Mono
E só queira ser um rei Midas
Sou a África em pessoa
Com as costas quentes
Com terra boa
Mas governantes dementes
O meu corpo é fértil
Para as culpas que me querem dar
Mas o meu cérebro estéril
Para as refutar
Estou cansado de dizer
A toda a gente e mais alguém
Que se vão foder
Que com as culpas eu aguento bem.
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