Começamos num condado
Que julgaram condenado
Tornamo-nos num país
Que criamos de raiz
Conquistamos cada palmo de terra
Fomos heróis em tempo de guerra
Descobrimos meio mundo
Com a certeza de não ir ao fundo
Tornamo-nos numa nação
Pela força da espada e do canhão
Hasteamos a nossa bandeira
Para alem da nossa fronteira
Expulsamos Mouros e Galegos
E tornamo-nos no pior dos seus medos
Marchamos contra os Bretões
E contra outras nações
Fomos grandes navegadores
Conquistadores e descobridores
Fomos grandes neste mundo
Antes de tudo ir ao fundo
De repente tudo perdemos
Liberalizamos e oferecemos
Tudo o que conquistamos
Também abandonamos
Onde esta o orgulho português
Eu não o vejo, será que tu o vês?
Onde está a alma lusitana
Onde anda o Afonso e aquela padeira bacana?
Hoje a todos nos rendemos
E a todos obedecemos
Até os tristes Galegos
Se riem dos nossos degredos
Onde anda a alma lutadora
Dos tempos da outra senhora
Onde está o espírito ganhador
Com que nos brindou o Senhor?
Hoje somos governados
Por países associados
Já foram a C.E.E.
E agora são a merda que se vê
Já não temos as barreiras
Nem sequer as nossas fronteiras
Já e tudo normal
Neste triste Portugal
Já não aprendemos português
É melhor aprender inglês ou francês
Aprender espanhol, se calhar
Porque qualquer dia é o que temos que “hablar”
Nas ruas já pouco português se fala
É mais criolo, brasileiro, inglês ou russo, o que nos embala
E para não falar do acordo ortográfico
Que mais nos vai tornar num país pornográfico
Porque sinto que todos somos enrabados
E continuamos a estar calados
Todos nos estão a invadir
Ou para cá estão a “fugir”
Aqui ninguém lhes faz mal
E para a cadeia não vão, só vão para o hospital
E aqui podem roubar e matar
Porque a policia não pode atirar
Que país é este em que estamos
Que país é este em que nos tornamos
Onde anda o espírito vencedor
Combativo, lutador?
Vamo-nos levantar
Contra os “Galegos” lutar
E contra todos os que nos tentam controlar
Pois somos nós que os temos que derrotar
Vamos levantar a nossa nação
Com a força que nos vem do coração
Vamos por Portugal lutar
E o nosso lugar reconquistar….
São dez da manhã de domingo
E eu sem nada para fazer
Procuro no parque um sítio
Onde me possa perder.
Ao meu lado, um velho sentado
Com um cheiro a álcool e suor
O olhar perdido no espaço
Uma cara rasgada de dor.
É então que percebo
Que a vida que tenho
É um mar de rosas
E que de um berço de ouro eu venho.
Ouço a musica ecoar
Dentro do meu coração
Vejo a esperança desabrochar
Mostrando que melhores tempos virão
É que eu no final
De nada me posso queixar
São dez da manhã de domingo
E encontrei a sorte
A força que trago comigo
A força que me afasta da morte.
Porque houve tempos
Em que preferi morrer
Mas depois vieram ventos
Que me fizeram renascer.
Essa alma que se sentou
Comigo naquele Domingo
Não imagina como me ajudou
A retomar o caminho.