Eu hoje decidi
Que vou viver sem pressa
Pois ainda agora aprendi
Que esta vida é uma festa
Sem pressa
Porque o fato de madeira que levarei
Não está ainda plantado
E por ele esperarei
O padre que me vai dar a extrema-unção
Ainda nem sequer foi ordenado
Ainda não entrou no seminário
Ainda nem sequer foi baptizado
Vou viver sem pressa
Porque a morte eu sei que virá
Mas eu ainda não estou preparado
Para passar para o lado de lá
Sem pressa
Ainda me quero divertir
Ainda tenho muito para viver
Ainda tenho muito para sorrir
Para morrer eu tenho tempo
E espero que ainda vá demorar
Espero que antes de mim
Ainda haja muitos para enterrar
Não quero tirar a vez a ninguém
Cada um na sua vez
Mas eu quero por cá ficar
Na Terra assente com os meus pés.
Alguém me disse
Ainda no outro dia
Ama-me como se não houvesse amanhã
Ama-me como se não houvesse outro dia
Espera, disse-lhe eu
Eu não te posso assim amar
Eu não controlo o que sinto
Eu não controlo sequer o meu sonhar
Irra, que és teimoso
Indignou-se a rapariga
Irritada me olhou
Irritada me provocou dores de barriga
Oh minha flor
Outro homem te amará
Olha á tua volta
Olha com fé que ele aparecerá
Um dia serás meu
Um dia vou-te conquistar
Um dia sem tu saberes
Um bocadinho me irás amar….
Não tenho ideias
Não sei sobre o que escrever
Fugiram as minhas ideias
Deixei de as poder ver
O que será de mim
Homem idiota
Sem ideias a brotar de mim
Serei como umas simples gaivota
Vou voar por aí
Tentar cagar em alguém
Mas até para isso conseguir
Não me vem à ideia ninguém
Estou no marasmo
Sem saber o que escrever
Sem saber o que digo
Sem sequer saber o que beber
Não sei se algum dia
Vou voltar a ter ideias
Eu que agora não as tenho
Agora parece que tenho baleias
Parece que existiram
Mas que quase não existem
Algumas subsistiram
E outras ainda resistem
Procurei no espelho
A razão do meu ser
Procurei um conselho
Na figura que estava a ver
O que faço eu aqui
Qual o propósito desta viagem
Porque é que eu nasci
Porque me falta a coragem?
Não sou descobridor
Nem sei sequer navegar
Não sou conquistador
Eu nem sei sequer lutar
Sou tímido, sim senhor,
Envergonhado por natureza
Tenho um íman em meu redor
Que só atrai a avareza
Porque caminho eu na Terra
Qual é a minha missão
Que segredos a vida ainda encerra
Qual será a minha lição
Será que vivo como devo
Como Deus nos ensinou
É que no fundo eu temo
Temo não saber para que lugar eu vou
Não sei quem sou eu
Não sei se me conheço
Por debaixo deste véu
Não sei se me reconheço
Sou o que dizem que sou
Ou serei algo diferente
Este dúvida sempre me atormentou
E não me permitiu olhar em frente
Sou gentil e inteligente
Ou serei má pessoa
Serei um ser deprimente
Que os outros sempre magoa?
O que sou eu?
Quem sou eu?
Será que há eu?
Será que eu sou mesmo eu?
Hoje conheci um mendigo
Sentado no banco de jardim
Que o tenho por amigo
Que o levo comigo até ao fim
Deambulava pelas ruas
Numa noite chuvosa
À procura de almas nuas
À procura de uma alma caridosa
Recostei-me no jardim
Onde não estava ninguém
Mas reparei que ao pé de mim,
Ao pé de mim estava alguém
O que fazes aqui sozinho
Perguntou-me o mendigo
Eu procuro o meu caminho
Respondi-lhe olhando o meu umbigo
O que tens tu
Voltou a perguntar
Se calhar é por nada ter,
É por isso que aqui estou a amurrinhar
Como pode você sorrir?
Tive a ousadia de o questionar
Você que nada tem
Você que não tem onde se deitar
Eu tenho a liberdade dos pássaros
A coragem do leão
A amizade das flores
A força de um tufão
Eu tenho o mundo inteiro
Tenho sempre onde ficar
Posso é não ter dinheiro
Mas assim também não tenho nada para me atormentar
Tenho a fortuna do Gates
Do Belmiro e o Amorim
Pois não há maior fortuna
Que a paz que trago em mim
Tu procuras o teu caminho
Mas um caminho para o luxo
Eu nisso não te posso ajudar
Pois eu não sou bruxo
Mas posso-te dizer
Que o teu caminho
Pode não ser o de enriquecer
Pode ser o do carinho
Um dia alguém me disse
Que eu era parvo por não ver cifrões
Eu sorri e respondi
Eu prefiro tocar corações
Procura o que te faz feliz
O que te pode realizar
Não o que alguém te diz
Que seria bom tu conquistares
Nisto desapareceu
O meu bom amigo
O vagabundo que me enriqueceu
E que eu trago sempre comigo
Perdida, sozinha
Neste mundo sem regra
Onde o SOL já não brilha
Onde até o SOL me nega
Sei que ele brilha
No dia de alguém
E que feliz me sentia
Se brilhasse no meu também
Porque teimas em te esconder
E o brilho do meu olhar levar
Porque me negas o teu ser
Porque te deixas tapar
Porque me abandonas
E destróis a alegria na minha alma
Porque é que quando voltas
Unicamente me pedes para ter calma
Porque me deixas deprimida
Quando me mostras a solidão
Porque me deixas dorida
E não mostras compaixão
Porque teimas em não brilhar
E te deixas esconder
Pelas nuvens, que a pairar,
Me impedem de te ver
Ninguém se iguala a ti
Ninguém me dá tanto calor
Já faz muito tempo que te vi
Porque te escondes, SOL, meu amor…
Hoje senti-me mal
Hoje senti-me sujo
O que sou eu afinal
De que realidade eu fujo
Ninguém me conhece
Nem sabem quem sou
Toda a gente me esquece
E ninguém sabe onde estou
Desculpem, é mentira
Todos sabem onde me encontrar
Era uma tirania
Se o inverso eu fosse pensar
Toda a gente me procura
Nas alturas de solidão
Quando a dor é nua e crua
Quando precisam de uma opinião
No meu ombro já derramaram
Lágrimas de amor
Ás minhas vestes já limparam
Corações feridos de dor
Fui confidente de lamúrias
De desentendimentos e abandonos
De pecados e injurias
Eu fui a força de muitos cornos
Mas gostava de ser procurado
Um único dia qualquer
Para me ser perguntado
Se eu estava bem, ou qual o meu querer
Mas hoje sinto-me pior
Porque me ofereci
Para ser o condutor
E um não eu recebi
Ofereci-me para transportar
Alguém a algum lugar
Mas teve o dom de me descartar
E a ajuda de outro aceitar
Eu que pensei que era querido
Por quem me descartou
E agora estou ferido
E o sangue de brotar ainda não parou
Sou só reconhecido
Quando precisam de ajuda
Sou só um ser vivo
Quando me pedem ajuda
Porque eu vivo na sombra
Vivo na escuridão
Sou um ser, uma cobra
Que vive na solidão
Procurado unicamente
Para a pele me tirar
E o final, sempre deprimente
Nunca contem a palavra amar
Opiniões, consolo
Até mesmo sexo
Eu só posso ser um tolo
Para viver esta vida sem nexo
Não sou bom ouvinte
Nem sequer bom amante
Não sou de dar opiniões
Sou um simples ser errante
Porque é que só me procuram
Quando precisam de ajuda?
Sou tão mau assim?
Isto me deixa “una duda”
Sou um ser descartável
Usado e deitado fora
Sou um ser miserável
Que só sirvo para o prazer na hora
Sou um ser descartável
Que ninguém quer amar
Pois todos me acham fiável
Mas somente para me usar.
Porquê, Mau Feitio
Tendes a fugir de mim
Porquê, Mau Feitio
Dizes que é o fim
Sei que muito nós fizemos
Por muito já passamos
Muito nós nos demos
Em várias noites nos amamos
Agora dizes que vais partir
Que queres ter o teu espaço
Dizes que não sabes se vais vir
E isso causa-me embaraço
Porque é que tu Mau Feitio
Que vias cruzar o mar
Não dizes que não me queres
E outro vais procurar
Porque teimas em dizer
Que agora temos que nos afastar
Que agora é que vamos ver
Se realmente nos estamos a amar
Mau Feitio não vás
Não me deixes sozinho
Eu não posso ir atrás
E sem ti sou pequenino.
. ADEUS
. PORTUGAL
. SOZINHO
. Beijo