Procurei a felicidade
No fundo do coração
Mas tenho dizer a verdade
Só lá encontrei o perdão.
Achei muito estranho
A felicidade não estar
O desgosto foi tamanho,
Do tamanho do mar.
Pensei que não seria
Nunca mais uma pessoa feliz,
Pensei que não sorriria
Como quando era petiz.
A felicidade não morava
Mais dentro do meu coração
A felicidade lá não morava
Só lá morava o perdão.
Fiquei muito triste
Depois da procura
E logo em riste
Surgiu a tristeza mais pura.
Tentei-lhe escapar
Para não ser apanhado
Mas mesmo à beirinha do azar
Lá fui eu caçado.
Fiquei refém da tristeza
Das lágrimas e da avareza,
Não lhes escapava de certeza
Se não tropeça-se na beleza.
Escondida a um canto
Estava a beleza mais bela
Mesmo escondida sobre um manto
Que não me deixava vê-la.
Quando a destapei
O meu olhar iluminado
Logo reparei
O que estava a meu lado.
Ao meu lado estava a força
A encabeçar um batalhão
De alegres sentimentos
Que habitam o meu coração.
Alegria, força, preserveransa,
Amizade, amor e bondade,
Fizeram renascer novamente
A noção de liberdade.
Foi então que decidi
Ao batalhão dos novos sentimentos me aliar
E só sei que combati
Incessantemente até os maus sentimentos expulsar.
Hoje podia dizer
Que sou livre novamente
Mas continuo a temer
Ser refém de repente.
Porque ao virar de cada esquina
A inveja, o ódio e o azar
Continuam a sua sina
De me tentar apanhar.
É a minha luta diária
Para bem da minha liberdade
Esta luta diário
Que travo ao lado da amizade.
Mulher, que dás vida a vida
Que foste oprimida
Mas te soubes-te libertar.
Esposa, que por amor te casa-te
Do teu ventre nasceram filhos que amas-te
Mas que muitos não te souberam amar.
Consorte, que de todos cuidas-te
Com todos te preocupas-te
Mas não conseguis-te parar.
Cônjuge, que por vezes foste esquecida
Muitas mais fostes reprimida
Mas sempre o teu esposo soubes-te saciar.
Fêmea, que ao teu lar foste votada
A ele foste amarrada
E nunca te conseguiste safar.
Senhora, que nome tão bonito
várias vezes ouvido
Mas que o Homem não soube respeitar.
Dama, que foste muitas vezes usada
Muitas menos foste amada
Por quem jurou te amar.
Dona, que a ti nada pretencia
Pois o Homem só te via
Um objecto para utilizar.
Matrona, que não tinhas opinião
Não tinhas um tostão
Mas tinhas uma casa para governar.
Mulherio, que tantos trapos lavas-te no rio
Ao calor e ao frio
Mas mesmo doente tinhas que ir lavar.
Mulherame, que em casa ficavas
Da lide tratavas
Para a noite o teu marido saciar.
Mulherum, que tanto sofrias
Por vezes nem comias
Para a fome aos teus filhos matar.
Mulherada, que merecias ser muito mais amada
Que felizmente foste emancipada
Mas que não devolvem o tempo que vos acorrentaram
E que muitos Homens ainda não perceberam que vos libertaram.
Vais saber o meu nome,
Quando nos cruzarmos
Num local qualquer
Meses depois de nos separarmos?
Será que vais sentir o meu cheiro
Que agora dizes sentir
Será que nessa altura não será veneno
Pelas tuas narinas a subir?
Quando te convidar para sair
Será que vais aceitar?
Ou será que me vais fugir,
Ou vais simplesmente o convite negar?
Será que te vais lembrar
Do tempo que passas-te comigo
Ou nao te vais querer deles recordar
Vais-te refugiar no teu umbigo?
Será que vais conseguir
Mudar um bocadinho que seja
Ou será que te vais fechar
Para que ninguem te veja?
Porque beleza tu tens
Disso eu não duvido
Mas essa beleza que tens
É tapada pelo teu umbigo.
Será que vais ter coragem
Para te entregares
Ao sortudo que te cativar
E nos braços dele te abandonares?
Porque eu tenho a certeza
Que vais ser muito feliz
Desde que consigas te dar
Desde que não empines o nariz.
Será que vais saber o meu nome
Será que vais saber quem eu sou
Será que vais sentir o meu cheiro
Ou será que tudo o tempo já matou?
Esta é a história da pianista
Que tocava no bar da minha rua.
Esta é a história do pianista
Mas podia ser também a tua.
Lembro-me dos temas que tocava
No piano que no bar havia
Estava sempre a espera quando começava
E só quando acabava me ia.
Os dedos dela bailavam
Pelas teclas brancas e negras
Um som belo gritavam
Um som belo sem regras.
O som era livre como um pássaro
Que esvoaça pelo céu
Nos meus ouvidos entrava
O som que era só seu.
Lembro-me do seu lindo cabelo
Castanho, encantador.
Lembro-me dos seus lindos olhos
Verdes, como o jardim em redor.
As noites podiam ser frias
Ou mesmo quentes no verão
Mas eram sempre lindas melodias
Que saiam da sua mão.
Lembro-me de imaginar
Ao ouvir tamanha beleza
Eu sozinho a caminhar
Sobre as nuvens com leveza.
Nunca me satisfazia
Nem nunca me enjoava
Toda aquela melodia
Que o piano dela me dava.
Um dia ela não apareceu
E o tempo teimava em não passar
Mas no lugar que era só seu
Um homem ousou-se sentar.
Mas a musica não era a mesma
Não era tão cintilante
Faltava a musica dela
Faltava o seu semblante.
O tempo foi passando
Nunca mais por ali passou
Nunca mais o bar foi o mesmo
Nunca mais, da mesma maneira aquele piano soou.
Deixei de lá entrar
Porque muita era a tristeza
A saudade ocupava o meu coração
Saudade da sua musica e beleza.
Um dia ia eu a passar
Para me refugiar no meu quarto
Quando ouvi novamente soar
Aquela musica, da qual não me farto.
Entrei, seguindo o coração
Que com velocidade batia
Segui por entre a multidão
Procurei mas não a via.
O piano não estava
No sitio que devia estar
Mas o som continua
Por mim a chamar.
Vi-a resplandecente
No outro lado do bar
Aquele aspecto reluzente
Fez o meu coração parar.
Cheguei-me ao pé dela
Para a ver e ouvir melhor
Não que eu precisasse de revê-la
Pois eu conhecia o seu aspecto de cor.
Mas as feições eram tão diferentes
O cabelo não era seu
O aspecto um pouco deprimente
Muito parecido com o meu.
Perguntei que era feito dela
Que tinha saudades de a ouvir tocar
Se ela tinha regressado
Se ela voltava para todas as noites tocar.
Foi então que lhe correu
Rosto abaixo sem hesitar
Uma lágrima cristalina
Uma lágrima de azar.
Disse-me que me via todas as noites
Que ali actuava
Que nunca teve coragem
Para me perguntar como me chamava
Que tinha uma atracção por mim
Tal como eu por ela
Mas que estava a chegar o seu fim
A barca já esperava por ela.
Esta era a ultima vez
Que iria actuar
Ia deixar os palcos de vez
Para outro lado ia morar.
Mas que saudade me invadiu
O coração naquele momento
Foi ali que tudo ruiu
Foi ali que começou o meu tormento.
Perguntei se era casada
Ou se tinha namorado
Respondeu-me que era solteira
Que ele a tinha deixado.
Num ataque de amor
Pedi-a em casamento
Um sorriso, misturado com dor
Disse sim, com contentamento.
Mas alertou-me que não teria
Muito mais tempo neste mundo
Que um cancro a iria
Levar para bem fundo.
Não me importei com isso
E dois dias depois
Assumi o compromisso
Assumi que agora éramos dois.
Foram os 6 meses
Mais felizes da minha vida
E eu que podia ter pedido tantas vezes
Para ela ser a minha querida.
Tenho saudades desses tempos
Não só quando com ela vivi
Mas dos tempos dos concertos
Que eram maravilhosos, e eu ouvi
Hoje também os oiço
Não da mesma forma
Mas sempre que os recordo
A alegria ao meu coração torna
Hoje quando estou triste
E de tudo quero desistir
Lembro-me dos tempos dos concertos
Sinto a tristeza a sair
A pianista do bar da esquina
Partiu para nunca mais voltar
Mas a musica que ela tocava
No meu coração não parará de soar.
São dez da manhã de domingo
E eu sem nada para fazer
Procuro no parque um sítio
Onde me possa perder.
Ao meu lado, um velho sentado
Com um cheiro a álcool e suor
O olhar perdido no espaço
Uma cara rasgada de dor.
É então que percebo
Que a vida que tenho
É um mar de rosas
E que de um berço de ouro eu venho.
Ouço a musica ecoar
Dentro do meu coração
Vejo a esperança desabrochar
Mostrando que melhores tempos virão
É que eu no final
De nada me posso queixar
São dez da manhã de domingo
E encontrei a sorte
A força que trago comigo
A força que me afasta da morte.
Porque houve tempos
Em que preferi morrer
Mas depois vieram ventos
Que me fizeram renascer.
Essa alma que se sentou
Comigo naquele Domingo
Não imagina como me ajudou
A retomar o caminho.
Hoje estou vazio
Não tenho nada dentro de mim
Estou vazio
Não sei porque me sinto assim
Hoje estou vazio
Sinto o coração bater
Mas até mesmo ele
Começo a ter medo de perder
Hoje estou vazio
De uma tristeza sem fim
Uma escuridão interior
Não existe luz em mim
Hoje estou vazio
Nada me sai do interior
Nada consigo criar
Nada consigo expor
Gostava de hoje ser uma música alegre
Algo com luz e cor
Mas hoje sou um fado sentido
Um fado sem alma, só dor.
Hoje não sei o que faço
Nesta terra de encanto
Não sei pelo que passo
Porque sofro eu tanto.
Hoje queria ser o sol
Na vida de alguém
Mas hoje a noite perdura
O dia nunca mais vem.
Gostava de caminhar alegre
Correr, saltar e brincar.
Mas sou a chuva que estraga tudo
Aquela que não nos deixa na rua andar.
Sou o contrário de Midas
Que tudo o que tocava virava ouro
Sou mais um arqueólogo
Que ainda procura o tesouro.
Mas ele não aparece
E eu começo a ficar cansado
Ele foge de mim, sempre,
Eu começo a ficar desanimado.
Hoje queria cantar
Mas hoje nao tenho voz
Hoje queria gozar
Mas só se gozar de uma tristeza atroz.
Tenho a vida que construi
Nos alicerces que me deram
Totalmente ainda nao ruí
Mas que outra coisa voces esperam.
Tou farto de tudo a minha volta
Tou farto de tudo dentro de mim
Começo a sentir a revolta
Eu sei bem que não devia ser assim
Gostava de ser feliz
De ter apoio no que quero fazer
Sei que ainda pouco fiz
Mas nada consegui ter.
Não tenho nada, não sei porquê
Não tenho nada de valor
De valor material, queria eu dizer,
Por ainda conservos alguns amigos em meu redor.
Mas alguns desses amigos
Só se lembram de mim de vez em quando
Poucos são os que me olham
Nas vezes que eu em baixo ando.
Mas a vida não pode ser só lamurias
Muito não nos podemos queixar
Eu gostava de poder dizer
Que tenho algo para me recordar.
Há coisas que me lembro sempre
Mas nem sempre as recordo
Porque só as sinto como boas
No momento em que acordo.
Porque depois o dia
Que me faz sempre atinar
Tem o condão de me dizer
Que mais uma vez eu estava a errar.
Errava na maneira como pensava
No que pensava tambem
Porque quase tudo o que eu fiz
Não se pode dizer que fiz bem.
Hoje de pouco me orgulho
Porque nada tenho para me orgulhar
Mas quando tento recordar algo que me orgulhe
Tenho dificuldade em encontrar
Podia-me orgulhar
De ter tido várias mulheres
De ter feito sexo com elas
De lhes ter mostrado vários prazeres.
Mas hoje vejo que afinal de nada serviu
Continuo sozinho na minha cama
Há noites em que tenho frio
Há dias em que penso que ninguem me ama.
Sei que há quem me ame
Sei que ha quem goste de mim
Mas não há nada que me trame
Mais do que ter pena de mim.
Mas as forças já faltam
Já não tenho o encanto que tinha
Não me perguntem como o fazia
Nem de onde o encanto vinha.
Hoje sou mais solitário
Mais só e mais tristonho
Hoje sou muito mais otário
Hoje acordei do meu sonho.
Nada tenho, nada sou
Nada consigo, nada conquisto
Não sei de onde vim nem para onde vou
Só sei que nunca mais saio disto.
A minha vida é uma merda
E nunca mais dela saio
A minha vida é um teatro sem regra
Sem ponto e sem ensaio.
Mas sou um mau actor
Não sei sequer cantar
Sou o cúmulo do fedor
Só espero que a barca não tarde para me levar....
Tenho uma vida de merda
Não porque não tenha que comer
Tenho uma vida de merda
Porque não gosto do que tenho que fazer.
Durante muito tempo,
Vivi na ilusão
Encontros com mulheres
Em troca de tesão.
Tive muitas mulheres
Na minha vida curta
Tive muitas mulheres
Para as quais eu não passava de uma puta.
Marcava encontros com elas
Bebiamos uma bebida
No meu quarto ou no delas
Criavamos uma cena divertida.
Tive desde de solteiras
Casadas e divorciadas
Desde colegiais, a depravadas
De ingenuas a safadas.
Nunca aceitei
Porque não querer marcar ninguem
Estar com mulheres virgens
Porque preferia que as desflora-se alguem.
Não por ter nojo do sangue
Ou de coisas do género
Mas acho que não sou pessoa indicada
Para a marcar de forma tão afincada.
A vida é a nossa peça de teatro
Onde não temos repetições,
Não temos ensaio nem segundo acto
Não temos guião nem restrições.
Somos os unicos actores
Nesta peça de encantar
Minhas senhoras e meus senhores
Está aqui uma nova peça para encenar.
É no nascimento que começa
Com a ajuda de toda a gente
Uma nova e linda peça
Uma nova e linda mente.
É uma mente que vai traçar
Os traços do seu guião
No inicio para começar
São os pais que lhe dão a mão.
Porque todos nós sabemos
Pelo que dizem os artistas
Que no mundo do espectáculo
Há sempre muitos vigaristas.
Quando sabemos actuar,
Escrever e encenar,
Somos nós que começamos
A pensar um novo artista criar.
O pano só uma vez se fecha
Nesta peça da nossa vida
No final só podemos ter uma deixa
Dizer que foi bem vivida....
Contratei uma prostituta
Para me prestar os seus serviços
Mas ela muito astuta
Embriegou-me com os seus vicios
Agora não sei o que faço
Para os vicios deixar
Era rijo como o aço
Até ela ao meu coração chegar.
Já não sei se como,
se durmo ou se descanso
Só sei que do seu vicio
Eu nunca mais me canso.
Ela disse-me uma coisa
Quando comigo foi ter
Não tinha lógica na altura
MAs agora começa a ter.
Todos nós só precisamos
De um pequeno empurrão
Depois já nós propios amamos
Mesmo do fundo do coração
E esse empurrão só é preciso
Para dizer-mos a primeira vez.
Depois até com um riso
O repetirmos de quando em vez.
E é nisso que banalizamos
Algo de tão importante
É nisso que desprezamos
O verdadeiro conceito de amante.
Porque amante não é o que trai
Não é o que ajuda a trair
É aquele que não sai
Da nossa beira até nos ver sorrir.
Porque só quem bem nos faz
Que nos faz mesmo feliz
É o nosso amante audaz
Seja ele velho ou petiz.
Porque amante e sexo
Podem nada ter a ver
Pensamos que separados não tem nexo
Mas basta os velhinhos ver.
Amante é um Amigo,
A familia ou mesmo um animal
Que está sempre comigo
Que só me quer ver bem e nunca mal.
Mas só isto não basta
Porque então nunca mais iam acabar
Amigo é aquele que nos arrasta
Para longe da tristeza sem cessar.
Amigos eu cá vos digo
Que com uma prostutita muito aprendi
Deixei de olhar só o meu umbigo
E da solidão desisti.
Percebi o que é amor
Sexo e amizade.
Percebi que o rancor
É pior que a vaidade.
Porque vaidade todos temos
E até pode ser boa.
Rancor todos dizemos
Que só vemos na outra pessoa.
Tentei escrever
Algo que fosse engraçado
Mas depois comecei a ver
Que não passo de um desgraçado
tentei escrever
Algo de fosse real
Mas comecei a escrever
Algo que me seria fatal
tentei escrever
algo inteligente
Mas depois que iria ler
Certamente não muita gente
tentei escrever
algo que fala-se de sexo
Gostaria eu de ter
Escrito algo com nexo
tentei escrever
algo saido de mim
Mas logo comecei a feder
A morte ja habita em mim
Tentei escrever
algo do meu coração
mas nunca la nada consegui reter
Amor, ódio ou compaixão.
tentei escrever
algo genial
Nunca o conseguiria fazer
não passo de um animal
Hoje senti que acabei
a minha obra superior
O que escrevi eu nao sei
Mas nunca vou conseguir melhor
Estas são as palavras
Que escrevo antes de morrer
O artista que vós vedes
nunca mais ireis voltar a ver.
. ADEUS
. PORTUGAL
. SOZINHO
. Beijo