As palavras que proferiste
Foram duras e aguçadas
Foi com elas que me feriste
Logo após serem arremessadas
As palavras não voltam mais
Depois de as dizeres
Ficam marcadas nos anais
Descrevem ódios e prazeres
As que ontem proferiste
Denotavam mágoa e amargura
Tu estavas de espada em riste
Tu eras uma guerreira dura
Não tinhas razão
Para me magoares daquela maneira
De ferires o meu coração
De o deixares com farpas de madeira
Eu sei que tu erraste
E tu hoje sabes também
Aquilo foi um desastre
Foi algo que não te ficou bem
O teu orgulho não permite
Que me voltes a falar
Nem movido com dinamite
Esse orgulho eu iria derrubar
Tenho pena que assim seja
Que te deixes influenciar
Por alguém que te inveja
E que finge te querer ajudar
Sabes onde estou
A lamber as feridas
De lá sair não vou
Não desperdices mais oportunidades das nossas vidas….
Perdida, sozinha
Neste mundo sem regra
Onde o SOL já não brilha
Onde até o SOL me nega
Sei que ele brilha
No dia de alguém
E que feliz me sentia
Se brilhasse no meu também
Porque teimas em te esconder
E o brilho do meu olhar levar
Porque me negas o teu ser
Porque te deixas tapar
Porque me abandonas
E destróis a alegria na minha alma
Porque é que quando voltas
Unicamente me pedes para ter calma
Porque me deixas deprimida
Quando me mostras a solidão
Porque me deixas dorida
E não mostras compaixão
Porque teimas em não brilhar
E te deixas esconder
Pelas nuvens, que a pairar,
Me impedem de te ver
Ninguém se iguala a ti
Ninguém me dá tanto calor
Já faz muito tempo que te vi
Porque te escondes, SOL, meu amor…
Não te vás
Não me fujas
Não desapareças
Não te iludas
Não atendas ao que digo
Porque pode não ser a verdade
Mas atende ao que eu faço
Num gesto, num expressar de vontade
Da boca saem palavras,
Que pelo vento são levadas
Do coração saem gestos
Saem imagens que em nós ficam gravadas
Não penses no que te disse
Num momento de cabeça quente
Mas pensa no que eu fiz
Nos momentos de cabeça assente
Não te isoles do mundo
Por eu dizer que temos que acabar
Pois sabes que lá no fundo
O meu desejo é recomeçar
Dá-me esperança
De que comigo vais lutar
Esta luta infame
Para o amor triunfar
Junta-te a mim
Olha no mesmo sentido
Deixa de ver em mim
Mais um simples amigo
Sei que fui eu que disse
Que somente era um amigo
Mas foi uma frase solta
Não o desejo que trago comigo
Dá-me esperança
Diz-me que não vou esperar
Diz-me o que o teu coração quer,
Diz-me que não vais “viajar”
Diz-me que podemos
Dar o passo a seguir
Isto se ambos quisermos
Mas desta vez sem mentir
Deixa os ciúmes
Fechados num alçapão
Deixa ser o amor
A reinar no teu coração
Vamos encarar o futuro
Lutar por algo melhor
Pode ser um pouco duro
Mas tudo construiremos ao nosso redor
Vem arriscar comigo
Nem que seja só desta vez
Perde o medo de arriscar
Perde essa timidez
Arrisca procurar a felicidade
Arrisca procurar ficar a meu lado
Vamos alegrar os nossos dias
Vamos alegrar o nosso fado
Diz-me que sim
Não digas para eu procurar alguém
Diz-me que vais ficar perto de mim
Diz-me que me queres bem
Vamos morar juntos
Debaixo do mesmo tecto
Vamos mostrar a nós próprios
Que também sabemos dar afecto
Não me fujas
Não me abandones
Volta para mim
Não me digas que o amor por mim chegou ao fim
Diz-me a verdade
Se queres a meu lado lutar
Se queres comigo ser feliz
Se me queres verdadeiramente amar.
Voltei a ter medo
Voltei a ter frio
Voltei a levantar-me cedo
Voltei a dormir na margem do rio
A ânsia de me libertar
Das dores que tenho na alma
Fazem-me voltar a tombar
Fazem-me perder a calma
O desejo de me limpar
Das manchas que carrego comigo
Fazem-me fraquejar
E voltar a ser mendigo
A vergonha que sinto
Quando na rua vou a passar
Olha que não minto
Quando digo que me desejo matar
Os dedos que me apontam
Os nomes que me chamam
Com a realidade me confrontam
Mas lentamente me matam
Tenho problemas reais
Tenho vergonha de os ter
Não são problemas banais
São problemas em viver
Como o carro usa gasolina
Eu uso vinho carrascão
Há quem use adrenalina
Mas já não me acelera o coração
Já não penso
Já não durmo
Eu dispenso
Quase tudo o que consumo
Mas o vinho que bebo
Para fugir deste lugar
É o meu mais real enredo
Para me conseguir matar
Porque sei que lentamente
Eu irei morrendo
Desta forma deprimente
Vou do mundo correndo
Hoje tornei a acordar
Debaixo da ponte
E mais uma vez me tentei lavar
Na água gélida da fonte
Já não sei o que é comer
Ou o que é viver
Porque só sei beber
E sinto que estou a morrer
Este desejo em mim
De consumir sem parar
Vai ditar o meu fim
Mas agora já não há volta a dar
Espero que ninguém
Sofra o que eu sofri
Sentir o dedo de alguém
Dizendo “olha aquele ali”
. SOL
. Diz-me