As palavras que proferiste
Foram duras e aguçadas
Foi com elas que me feriste
Logo após serem arremessadas
As palavras não voltam mais
Depois de as dizeres
Ficam marcadas nos anais
Descrevem ódios e prazeres
As que ontem proferiste
Denotavam mágoa e amargura
Tu estavas de espada em riste
Tu eras uma guerreira dura
Não tinhas razão
Para me magoares daquela maneira
De ferires o meu coração
De o deixares com farpas de madeira
Eu sei que tu erraste
E tu hoje sabes também
Aquilo foi um desastre
Foi algo que não te ficou bem
O teu orgulho não permite
Que me voltes a falar
Nem movido com dinamite
Esse orgulho eu iria derrubar
Tenho pena que assim seja
Que te deixes influenciar
Por alguém que te inveja
E que finge te querer ajudar
Sabes onde estou
A lamber as feridas
De lá sair não vou
Não desperdices mais oportunidades das nossas vidas….
Longe vão os tempos
Em que jogava na calçada
Em que o campo de futebol
Era no meio da estrada
Os tempos em que escrevia
Bilhetes ás raparigas
Em que sentia força para tudo
Para esmagar gigantes e formigas
Os tempos da inocência
Longe eles vão
Esses tempos de irreverência
Esses tempos de paixão
Os tempos de amores eternos
Que duravam uma hora
E dos quais nos recompúnhamos
Numa recuperação sem demora
Os tempos em que amigos
Eram todos os que conhecíamos
E por eles nós lutávamos
E por eles nós vencíamos
Longe vão os tempos
Em que a maior preocupação
Era marcar um golo
Ou ver desenhos animados de acção
Os tempos em que inimigos
Eram uns seres monstruosos
Mas que se tornavam amigos
E passavam a ser amorosos
Tempos em que todos querem
Ser bombeiros ou herói
Onde a ferida no coração
Não sangrava, nem era um dói-dói
Esse tempo de inocência
Que teimamos em deixar
Era o tempo que eu gostava
E gostava de para ele voltar
Dinheiro nada valia
Bastava um papel com um cifrão
Para sermos os mais ricos
Da vila, da cidade ou da nação
Mas porque temos que crescer
E deixar a inocência
E o fazemos a correr
Sem uma única advertência
Ninguém nos advertiu
Quando queríamos crescer
Que o tempo infantil
Era o melhor que iríamos ter.
Alguém me disse
Ainda no outro dia
Ama-me como se não houvesse amanhã
Ama-me como se não houvesse outro dia
Espera, disse-lhe eu
Eu não te posso assim amar
Eu não controlo o que sinto
Eu não controlo sequer o meu sonhar
Irra, que és teimoso
Indignou-se a rapariga
Irritada me olhou
Irritada me provocou dores de barriga
Oh minha flor
Outro homem te amará
Olha á tua volta
Olha com fé que ele aparecerá
Um dia serás meu
Um dia vou-te conquistar
Um dia sem tu saberes
Um bocadinho me irás amar….
Procurei no espelho
A razão do meu ser
Procurei um conselho
Na figura que estava a ver
O que faço eu aqui
Qual o propósito desta viagem
Porque é que eu nasci
Porque me falta a coragem?
Não sou descobridor
Nem sei sequer navegar
Não sou conquistador
Eu nem sei sequer lutar
Sou tímido, sim senhor,
Envergonhado por natureza
Tenho um íman em meu redor
Que só atrai a avareza
Porque caminho eu na Terra
Qual é a minha missão
Que segredos a vida ainda encerra
Qual será a minha lição
Será que vivo como devo
Como Deus nos ensinou
É que no fundo eu temo
Temo não saber para que lugar eu vou
Não sei quem sou eu
Não sei se me conheço
Por debaixo deste véu
Não sei se me reconheço
Sou o que dizem que sou
Ou serei algo diferente
Este dúvida sempre me atormentou
E não me permitiu olhar em frente
Sou gentil e inteligente
Ou serei má pessoa
Serei um ser deprimente
Que os outros sempre magoa?
O que sou eu?
Quem sou eu?
Será que há eu?
Será que eu sou mesmo eu?
Perdida, sozinha
Neste mundo sem regra
Onde o SOL já não brilha
Onde até o SOL me nega
Sei que ele brilha
No dia de alguém
E que feliz me sentia
Se brilhasse no meu também
Porque teimas em te esconder
E o brilho do meu olhar levar
Porque me negas o teu ser
Porque te deixas tapar
Porque me abandonas
E destróis a alegria na minha alma
Porque é que quando voltas
Unicamente me pedes para ter calma
Porque me deixas deprimida
Quando me mostras a solidão
Porque me deixas dorida
E não mostras compaixão
Porque teimas em não brilhar
E te deixas esconder
Pelas nuvens, que a pairar,
Me impedem de te ver
Ninguém se iguala a ti
Ninguém me dá tanto calor
Já faz muito tempo que te vi
Porque te escondes, SOL, meu amor…
Hoje senti-me mal
Hoje senti-me sujo
O que sou eu afinal
De que realidade eu fujo
Ninguém me conhece
Nem sabem quem sou
Toda a gente me esquece
E ninguém sabe onde estou
Desculpem, é mentira
Todos sabem onde me encontrar
Era uma tirania
Se o inverso eu fosse pensar
Toda a gente me procura
Nas alturas de solidão
Quando a dor é nua e crua
Quando precisam de uma opinião
No meu ombro já derramaram
Lágrimas de amor
Ás minhas vestes já limparam
Corações feridos de dor
Fui confidente de lamúrias
De desentendimentos e abandonos
De pecados e injurias
Eu fui a força de muitos cornos
Mas gostava de ser procurado
Um único dia qualquer
Para me ser perguntado
Se eu estava bem, ou qual o meu querer
Mas hoje sinto-me pior
Porque me ofereci
Para ser o condutor
E um não eu recebi
Ofereci-me para transportar
Alguém a algum lugar
Mas teve o dom de me descartar
E a ajuda de outro aceitar
Eu que pensei que era querido
Por quem me descartou
E agora estou ferido
E o sangue de brotar ainda não parou
Sou só reconhecido
Quando precisam de ajuda
Sou só um ser vivo
Quando me pedem ajuda
Porque eu vivo na sombra
Vivo na escuridão
Sou um ser, uma cobra
Que vive na solidão
Procurado unicamente
Para a pele me tirar
E o final, sempre deprimente
Nunca contem a palavra amar
Opiniões, consolo
Até mesmo sexo
Eu só posso ser um tolo
Para viver esta vida sem nexo
Não sou bom ouvinte
Nem sequer bom amante
Não sou de dar opiniões
Sou um simples ser errante
Porque é que só me procuram
Quando precisam de ajuda?
Sou tão mau assim?
Isto me deixa “una duda”
Sou um ser descartável
Usado e deitado fora
Sou um ser miserável
Que só sirvo para o prazer na hora
Sou um ser descartável
Que ninguém quer amar
Pois todos me acham fiável
Mas somente para me usar.
A noite quente de Verão,
Escondeu na escuridão,
O som do teu chegar
A cor do teu batom,
Escondeu da multidão
O sabor do teu beijar.
Aquele leve vestido,
Mais tarde despido,
As tuas curvas estava a realçar.
A tua cara bonita,
De menina jovenzita,
Que logrou me encantar.
O teu cabelo
Tão liso, tão belo,
Deixou-me a flutuar
Sobre os teus peitos,
Tão delicados e perfeitos,
Eu quis ter lugar
No teu quarto,
O teu belo recanto,
Deixamo-nos embalar.
No teu regaço,
Com algum embaraço,
Eu fui brincar.
Eras tão bela, Flor,
No meu peito provocas-te um ardor
Que alguém teimou em apagar.
Quando no corredor,
Já nós cheios de suor,
Ouvimos alguém caminhar,
Era o teu namorado,
Esse desgraçado,
Que acabava de voltar.
Mais cedo que o normal,
Logo hoje, esse animal,
Tinha que cedo regressar.
Fugi pela janela,
Fui mordido pela tua cadela,
E não pude gritar.
A roupa lá caía,
Enquanto eu corria,
Para me poder abrigar,
Nu, pelado lá ia,
O mais rápido que podia,
Para me tentar agasalhar
Para trás nem olhava
Pois só me importava
Depressa dali bazar
Agora que escrevo,
Estes versos, este enredo,
É que estou a pensar
Sete pontos eu levei
A queca eu não dei
Nessa noite de AZAR….
Não te vás
Não me fujas
Não desapareças
Não te iludas
Não atendas ao que digo
Porque pode não ser a verdade
Mas atende ao que eu faço
Num gesto, num expressar de vontade
Da boca saem palavras,
Que pelo vento são levadas
Do coração saem gestos
Saem imagens que em nós ficam gravadas
Não penses no que te disse
Num momento de cabeça quente
Mas pensa no que eu fiz
Nos momentos de cabeça assente
Não te isoles do mundo
Por eu dizer que temos que acabar
Pois sabes que lá no fundo
O meu desejo é recomeçar
Dá-me esperança
De que comigo vais lutar
Esta luta infame
Para o amor triunfar
Junta-te a mim
Olha no mesmo sentido
Deixa de ver em mim
Mais um simples amigo
Sei que fui eu que disse
Que somente era um amigo
Mas foi uma frase solta
Não o desejo que trago comigo
Dá-me esperança
Diz-me que não vou esperar
Diz-me o que o teu coração quer,
Diz-me que não vais “viajar”
Diz-me que podemos
Dar o passo a seguir
Isto se ambos quisermos
Mas desta vez sem mentir
Deixa os ciúmes
Fechados num alçapão
Deixa ser o amor
A reinar no teu coração
Vamos encarar o futuro
Lutar por algo melhor
Pode ser um pouco duro
Mas tudo construiremos ao nosso redor
Vem arriscar comigo
Nem que seja só desta vez
Perde o medo de arriscar
Perde essa timidez
Arrisca procurar a felicidade
Arrisca procurar ficar a meu lado
Vamos alegrar os nossos dias
Vamos alegrar o nosso fado
Diz-me que sim
Não digas para eu procurar alguém
Diz-me que vais ficar perto de mim
Diz-me que me queres bem
Vamos morar juntos
Debaixo do mesmo tecto
Vamos mostrar a nós próprios
Que também sabemos dar afecto
Não me fujas
Não me abandones
Volta para mim
Não me digas que o amor por mim chegou ao fim
Diz-me a verdade
Se queres a meu lado lutar
Se queres comigo ser feliz
Se me queres verdadeiramente amar.
. EU
. SOL
. Diz-me