Porque não me deixas falar
Porque insistes em me interromper
Será que me queres calar
Ou só desejas ver-me sofrer?
O que te faz ser assim
Não me deixares ter opinião
O que te atormenta em mim
O que temes do meu coração
Falta de tempo não é
Porque tens tempo para falar
Ou será que ao teu pé
Só sirvo para escutar?
Tens sempre que me interromper
Não me deixas acabar
Tu sabes que isso me faz morrer
Tu sabes que isso me anda a matar
Todos têm direito de opinião
Todos têm direito de se expressar
Todos podem ouvir ou não
Mas ninguém se tem que calar
Por muitas mulheres sofri
Por elas eu corri
A todas desejei
A todas me entreguei
Foram donas, foram senhoras
Deste corpo que possui
Foram todas criadoras
Dos sentimentos que neste copo diluiu
Com os seus corpos brinquei
Nas suas curvas me perdi
Não foi a todas que amei
Mas a todas não resisti
Tive mulheres altas e baixas
Loiras, ruivas e morenas
Tive pretas, brancas, asiáticas
Tive até mulheres romenas
A nenhuma, eu, paguei
Só brincaram com o meu corpo
Por algumas me apaixonei
E nessa altura é que tudo deu para o torto
O que adiantou eu as amar
O que adiantou termos prazer
O meu coração tiveram o dom de despedaçar
Quando uma só eu desejei ter
Essas curvas encantadoras
Onde várias noites me perdi
São curvas de Senhoras
Por elas algo eu senti
Hoje, sozinho e amargurado
Vivo afogado neste copo
Sou um ser amargurado
Já não sou aquele ser maroto
As curvas que hoje procuro
São as curvas da viola
Não as curvas das mulheres
Já não me rejo por essa bitola
Não me importa de onde vens
Se moras perto ou longe de mim
Não me importa a cor da tua pele
Não te vejo diferente de mim
Não sei, nem quero saber
Se a tua religião é a minha
Se sempre comeste caviar
Ou se te criaram a água e farinha
Quero sentir o teu abraço
Quero sentir o teu amor
Quero enrolar-te num abraço
Quero que esqueçamos a dor
De que nos adianta lutar
De que adianta andar em guerra
No final habitamos o mesmo lugar
Todos nós somos donos da Terra
De que nos serve negar
O abraço a alguém
Todos nós temos amor para dar
E num abraço, até esse amor vem
Vamos abraçar alguém
Vamos abraçar com amor
Quero sentir o teu abraço
Quero sentir um abraço em meu redor.
Já não há tempo para nós
Já não há lugar para nós
Já não sei o que tenho pela frente
O que me adianta viver para sempre?
Falta-me o teu respirar
O teu cheiro que me faz sonhar
Falta-me ter-te á minha frente
O que me adianta viver para sempre?
Eu não quero agonizar
Esperando o teu chegar
Prefiro que tudo termine
Preciso de alguém que me mime
A tua ausência
Em mim causa-me irreverência
O que posso eu esperar
Quando não estás cá para te amar
Quem quer viver para sempre
Sendo um ser deprimente
Não tendo o seu amor em frente
Quem quer assim viver eternamente?
Falta-me a imaginação
Não consigo sonhar
Não consigo escrever
Não consigo criar
Falta a minha fonte de inspiração
Porque será que me abandonou
Onde andará
Porque me deixou
Sinto falta da chama
Do poder do seu olhar
Do calor dos seus beijos
Do suave do seu respirar
Falta-me o toque da sua mão
Sobre o meu peito
Que me acelerava o coração
E me deixava sem jeito
Falta-me o veludo dos seus lábios
Encostados aos meus
O sabor da sua boca
Que me fazia elevar aos céus
Falta-me o seu jeito de senhora
De rameira e de dama
Esse jeito que me enlouquecia
Esse seu jeito na cama
Faz-me falta a sua presença
Faz-me falta escrever
Mas o que mais me faz falta
É de novo eu a ter…
Hoje alguém me perguntou
Com ar de criança
Se algum dia Deus eu ouvi
Se algum dia tive essa bem-aventurança
Foi então que pensei
Se realmente Deus existia
Se algum dia o ouvirei
Ou se algum dia o ouvira
Certamente que a voz de Deus
Será um misto de paixão
De amor, de amizade,
De bondade e de perdão
Respondi então ao gaiato
Que ouvira a voz de Deus repartida
Por três homens fabulosos
Mas que essa voz já partira
A voz de Deus, certamente será
Um misto de Elvis, Mercury e Sinatra
Três monstros que por cá passaram
Três monstros com vos de prata
A junção dos vozeirões
Certamente é a voz de Deus
Ainda agitam os corações
Infelizmente já nos disseram adeus
Sinatra, ou The Voice
Por cá, muitos anos, andou
Por cá envelheceu
Por muito tempo nos encantou
Elvis, “O Rei do Rock”
Com 42 anos nos deixou
Não sei se teve pressa
Ou se foi a vida que o degradou
Como era imponente me palco
Nos anos áureos da sua carreira
Como se foi degradando
Como se deixou ficar daquela maneira
Mesmo no final
Quando já só os comprimidos o movia
A sua voz era fenomenal
Mas o resto já não a seguia
Freddie Mercury, “O Rei dos Queen”
Deu espectáculos galácticos
Os Queen projectou
Com os seus companheiros e seguidores fanáticos
Também ele viveu, ou tentou viver
Rápido demais
Cedo desapareceu
Cedo a sua voz se gravou nos anais
Usou drogas
Usou e abusou de tudo
E cedo desapareceu
Deixando Deus na Terra quase mudo
Tenho quase a certeza
Que a voz de Deus é assim
A mistura destas três vozes
Vozes que na Terra já tiveram o seu fim
Sinatra não, certamente
Mas os outros tiveram pressa de viver
Quiseram viver tudo num instante
Quiseram até cedo a morte viver
Até nisto o mundo é injusto
Como é possível deixar partir uma voz assim
Estas vozes deviam ser imortais
Estas vozes não deviam ter fim
Até nisto Deus é invejoso
E nos leva estes vozeirões
Para que cantem só para ele
Para que nós os guardemos nos corações
Tal como a flor precisa de ser regada
Assim se deve regar o AMOR
Tal como a criança precisa de ser mimada
Também nós devemos mimar o AMOR
Como as crias tem que ser alimentadas
Também devemos alimentar o AMOR
Como os pássaros necessitam de voar
Também nós devemos deixar voar o AMOR
Como o sol precisa de brilhar
Também nós devemos deixar brilhar o AMOR
Como os frutos precisam da árvore para amadurecerem
Também nós devemos, em nós, deixar amadurecer o AMOR
Como os animais precisam do ar para respirar
Também nós devemos deixar respirar o AMOR
Como nós precisamos de tudo o que apareceu atrás
Também nós precisamos do AMOR.
As palavras que proferiste
Foram duras e aguçadas
Foi com elas que me feriste
Logo após serem arremessadas
As palavras não voltam mais
Depois de as dizeres
Ficam marcadas nos anais
Descrevem ódios e prazeres
As que ontem proferiste
Denotavam mágoa e amargura
Tu estavas de espada em riste
Tu eras uma guerreira dura
Não tinhas razão
Para me magoares daquela maneira
De ferires o meu coração
De o deixares com farpas de madeira
Eu sei que tu erraste
E tu hoje sabes também
Aquilo foi um desastre
Foi algo que não te ficou bem
O teu orgulho não permite
Que me voltes a falar
Nem movido com dinamite
Esse orgulho eu iria derrubar
Tenho pena que assim seja
Que te deixes influenciar
Por alguém que te inveja
E que finge te querer ajudar
Sabes onde estou
A lamber as feridas
De lá sair não vou
Não desperdices mais oportunidades das nossas vidas….
Sentei-me num rochedo
A ver a água passar
A pensar no enredo
Que tem sido o meu viver
Passei por várias camas
Passei por vários lugares
Passei por várias mulheres
Passei por vários andares
Destruí casamentos
Intrometi-me em alguns
Recomecei relacionamentos
Mas algo todos tiveram em comum
No final voltei sozinho
Para o meu querido lugar
Sem companhia para a vida
Sem ninguém para me amar
Ofereci o meu corpo
Ofereci prazer e desejo
O que recebi em troca
Foi no final um adeus e um beijo
Fiz sexo com mulheres bonitas
Feias, gordas e gasguitas
Fiz sexo pelo prazer
De prazer poder oferecer
No final de cada tarde
Noite ou mesmo manhã
Voltava como se nada fosse
Voltava para o meu divã
Esperava outro contacto
De alguém que me quisesse
Que alguma mensagem chegasse
Ou que alguém me ligasse
De entre os homens com quem falei
Posso dizer que tenho sorte
Pois sempre o que desejei
Me trouxe prazer e não a morte
Também me precavi
Pois tolo julgo que não sou
E muita coisa já vi
E muita coisa já passou
Amei quem me amou
Fugi de quem me fugiu
Na minha cama sempre aterrei
E das aventuras, nada nem ninguém viu
Será que foram verdade
Ou fruto da imaginação
No meu coração esta marcada
A resposta a esta questão
Como eu gostava de acordar
E poder simplesmente voar
Entre as nuvens planar
E não ter que aterrar
Sentir a liberdade
Balançar o meu cabelo
Poder ver lá do alto
Como o mundo pode ser belo
Mas fechada nesta jaula
Em que teimam me manter
Liberdade, não conheço
Liberdade, não vou ter
Porque me sufocas
Se dizes gostar de mim
Porque não me libertas
Para poder voar sem fim
A prisão onde estou confinada
Grades de aço não tem
São grades do sufoco
Que vem da parte de alguém
Não sou pássaro de gaiola
Preciso de me libertar
Não para fugir sem volta
Mas para poder respirar
Que angustia tenho comigo
Que peso tenho que carregar
Pois alguém que se diz meu amigo
Não me deixa respirar
Não lhe quero fugir
Pois não o quero magoar
Mas gostava de sentir
De novo, o prazer de voar
A liberdade que já tive
Quero voltar a ter
Estou farta de andar
E de não poder correr
Tenho uma vida para seguir
E vejo que é mais rápida que eu
Pois estou acorrentada
E vivo neste sufoco só meu
Não queiras prender alguém
Porque só a estás a magoar
Deixa-a em liberdade
E como um boomerang ela vai voltar.
. ADEUS
. PORTUGAL
. SOZINHO
. Beijo